Leal, Luis


Nombre

Luis Leal

 

Origen

Évora (Portugal) (1980)

 

Identidad

Profesor, cronista, escritor...

 

Enlaces

www.oficinadalinguaportuguesa.com

senderosdereflexao.blogspot.com

https://www.facebook.com/luis.leal.31945

 

Contacto

entreduasterras@gmail.com



Biografía

Luis Leal nació en Évora en 1980. Es licenciado en Enseñanza de Portugués e Inglés, y tiene un máster en Historia del Arte. Ha ejercido la profesión de profesor de lengua y cultura portuguesa en Extremadura a lo largo de la última década. Al mismo tiempo ha colaborado en programas de radio y televisión (Canal Extremadura y ARTE), en la prensa española y portuguesa, así como en diferentes proyectos de divulgación cultural, traducción literaria y de cooperación transfronteriza. Cronista activo en la prensa portuguesa y en la blogosfera, Luis Leal hace de la frontera el hogar, un espacio donde su “lengua mater” no puede concebir sin su lengua de adopción.

 


Obra publicada

POESÍA

  • 33, Badajoz, Elsa Lopes – Oficina da Língua Portuguesa, 2015.
  • “Cinco composições do projeto inédito “SÉRIE B”, Poemas com Cinema”. El Espejo. Nº8, 2016, p.57, 58, 59, 60 y 61.
  • “Nove Poemas de Ángel Campos Pámpano – Selecção de Luis Leal”. Devir. Nº3, 2016, pp. 84,85,86,87,88,89,90, 91, 92, 93, 94, 95.
  • “oświęcim”. Devir. Nº2, 2015, p.44, 45.
  • “pedal(e)ar”, Badajoz, Oficina da Língua Portuguesa, 2018.

 

TRADUCCIÓN

  • GODINHO, Sérgio. La sangre por um hilo – Cuadernillo nº150, Aula de Poesía Díez-Canedo de Badajoz, 2017
  • PEIXOTO, José Luís. Dentro del Secreto – Un viaje por Corea del Norte, Xordica Editorial, [Traductor: Pedro L. Cuadrado y Luis Leal]
  • Documental "Kushucuru", Gaia Media, 2013.

 

 

CRÓNICAS, ENSAYO Y LITERATURA DE VIAJES

  • “José, Anselmo e mais alguém”, Revista Mais Alentejo, Abril/Maio, 2018, p. 70.
  • “Significarse”, Revista Mais Alentejo. Nº 142, Dezembro/Janeiro, 2018, p. 96
  • "As Cidades Invisíveis", Revista Mais Alentejo. Nº141, Outubro/Novembro, 2017, p. 86.
  • “Tudo Boa Gente”, Revista Mais Alentejo. Nº140, Agosto/Setembro, 2017, p. 34.
  • "Todos os chouriços se enforcam", Revista Mais Alentejo. Nº139, Junho/Julho, 2017, p. 84.
  • "Bushido Alentejano", Revista Mais Alentejo. Nº138, Abril/Maio, 2017, p. 84.
  • "Regresso ao futuro e danças com lobos", Revista Mais Alentejo. Nº137, Fevereiro/Março, 2017, p. 76.
  • "Viagem à terra dos canivetes", Revista Mais Alentejo. Nº137, Fevereiro/Março, 2017, pp. 24, 25, 26.
  • "Pássaros dum tiro", Revista Mais Alentejo. Nº 136, Dezembro/Janeiro, 2016/2017, p.106.
  • “O meu “pueblo” Valencia de Alcántara”. Revista Mais Alentejo. Nº135, Outubro/Novembro, 2016, p.46.
  • “Cantares que fazem pontes”. Revista Mais Alentejo. Nº134, Agosto/Setembro, 2016, p.46.
  • “Os nossos santos”. Revista Mais Alentejo. Nº133, Junho/Julho, 2016, p.46.
  • “Capítulo I – Na Brasileira”. Revista Moñino Times. Nº10, 2016, pp.16, 17.
  • “Dor de cotovelo peninsular”. Revista Mais Alentejo. Nº132, Abril/Maio, 2016, p.46.
  • “Você, tu, eu, primeiro a pessoa”. Revista Mais Alentejo. Nº131, Fevereiro/Março, 2016, p.46.
  • “Inesquecível pôr-do-sol em Oslo”. Revista Mais Alentejo. Nº131, Fevereiro/Março, 2016, pp.12, 13, 14.
  • "Ser o outro (sendo nós próprios em silêncio)". Revista Nós-otros. Nº5, 2015, pp.22 y 25.
  • “Ardem as perdas”. Revista Mais Alentejo. Nº130, Dezembro/Janeiro, 2015/2016, p.46.
  • “Dentro del Secreto – La exclusiva de una traducción”. Revista Moñino Times. Nº9, 2015, p.9.
  • “Saudade, essa exclusividade”. Revista Mais Alentejo. Nº129, Outubro/Novembro, 2015, p.46.
  • “O cronista apresenta-se”. Revista Mais Alentejo. Nº128, Agosto/Setembro, 2015, p.46.
  • “Abril”. Revista Moñino Times. Nº8, 2014, p.39.
  • LEAL, Luis; CORCHERO, Adrián. “Olhe Sr. Guarda, este é o homem que procurava (contrabando na fronteira Luso-Espanhola), Revista Cortiza, 2013, p. 6.
  • “Cravos Ibéricos”, Revista Cortiza, 2010, p.61.

 

PUBLICACIONES EN LA RED

  • [LO PEOR DE LA VIDA ES QUE SIEMPRE ACABA MAL]. https://rayanos.com/lo-peor-de-la-vida-es-que-siempre-acaba-mal-cronica-habitar-de-luis-leal/ 
  • [PEDRAS]. https://rayanos.com/pedras-cronica-habitar-de-luis-leal/ 
  • [NUESTRO CAPITÁN]. https://rayanos.com/nuestro-capitan-cronica-habitar-de-luis-leal/
  • [J. PAULETE]. https://rayanos.com/paulete/ 
  • [HIMNOS]. https://rayanos.com/himnos/ 
  • [PAPÁ, DEPOIS DO VERÃO VOU PARA A PRIMÁRIA!]. http://nos-otros.com/es/papa-depois-do-verao-vou-para-a-primaria/
  • [ERA O MEU FERNANDO JOSÉ, O MEU AFILHADO]. http://nos-otros.com/pt/tag/o-meu-afilhado-pt/
  • [RESERVA-SE O DIREITO DE ADMISSÃO (A ADULTOS)]. http://senderosdereflexao.blogspot.com.es/2016/02/reserva-se-o-direito-de-admissao.html
  • [O PAI SAMURAI]. http://capazes.pt/cronicas/o-pai-samurai-por-luis-leal-quota-parte/
  • LUIS LEAL; ANTONIO SÁEZ. [La imagen del otro; Historia de Portugal; Patrimonio Portugués; Literatura Portuguesa; Figuras relevantes de la Cultura Portuguesa]. http://senderosdereflexao.blogspot.com.es/2014/12/claves-para-hacer-negocios-con-portugal.html

Premios


Textos

Que ideia mais parva termos crescido. Aprender a andar de bicicleta, aprender a jogar ténis, perseguir lagartixas no muro e como tudo isto gela em nós um bloco de saudade.

 

António Lobo Antunes

 

 

 

LA PRIMERA CICATRIZ

 

La primera cicatriz

que le marcó la cara

fue una caída fuera

de la vieja Órbita

 

Quiso la bicicleta 

de su niñez

que tuviese

un agujerito

en la mejilla derecha

siempre que los días

le hacen

sonreír

 

“They talk of a man betraying his country, his friends, his sweetheart. There must be a moral bond first. All a man can betray is his conscience”.

JOSEPH CONRAD

(Que trevas temos e quais nos definem?)

 

 

como posso ser eu

em outra língua que

não a que me pariu?

 

a materna, de terna, só em vogais fechadas

com as quais como escriba me assumo e uso.

como ela a mim. me usa e abusa.

me sussurra e acusa

a condição de estrangeirado.

 

eu. predicado

em complemento circunstancial de lugar de adopção,

que me vi exilado

por querer ter mais que fado,

(património intangível na hora da refeição)

ou enfado na fila do supermercado

quando alguém me põe à frente o

quão carente sou de manter a minha dignidade.

 

por isso sou assim. uma boca que escreve.

um tempo que vive e se expõe na ponta de

uma bic que fala ao acaso por assim se expressar,

com a língua que tem à mão…

 

acompañado de un café solo niego mi lengua.

convicto de vieira y de pessoa. no me arrodillo ante ningún emperador

porque de imperios, quintos o sextos, estoy harto.

 

así reniego mi patria. porque es mía.

3 veces antes de que el gallo peregrino, que me salva de la horca, cante.

así me niego.

delante de dios,

delante de Portugal.

 

yo. sujeto

e hijo de puta de la lengua que me parió. 

In “33”, 2015

 

 

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda.

Clarice Lispector

 

Cresci com epopeias marítimas, que deram novos mundos ao mundo, como um dos eixos fundamentais da biografia inigualável dum povo. Porém, quando viajo no tempo e procuro o primeiro acto real de exclusividade, inigualável e colectiva, da minha gente, aterro na consciência da minha adolescência com o peso do Gama navegador, extraído da audácia d’Os Lusíadas, convertido então em Vice-rei dum viaduto de tabuleiros unidos na ponte mais longa da Europa. 

 

A inauguração da Ponte Vasco da Gama vincou-se no Guiness através da maior feijoada, refogada em massas pelo primeiro chef em Portugal benemérito duma estrela Michelin. Na actualidade, a estrelinha de Michel ofuscou-se por coisas que nada têm a ver com feijões, mas almas como a minha jamais esquecerão o talento de servir a maior mesa de refeição posta, com cinco quilómetros de pessoas sentadas a enfardarem dez toneladas de uma leguminosa com potenciais efeitos colaterais. (Pergunta o cronista o porquê de uma feijoada e não um cozido? Um bacalhau à Gomes Sá ou Zé do Pipo? Já que se tratava da exclusividade da portugalidade… Ainda hoje o atormentam estas decisões pátrias!).

 

Tantos anos depois, e sem nunca se ter analisado o impacto ambiental deste menu, deparo-me constantemente com outra exclusividade lusa: a da saudade.

 

A saudade é um exclusivo do colectivo português. Quem for de fora não se atreva a sentir semelhante coisa. O peso do vocábulo é muito mais do que pura nostalgia do passado, ausência do lar, necessidade ou anseio de um porvir. Por isso, nem pensar nisso! Sem BI português não há saudosismo para ninguém! (Vá lá, um da lusofonia ainda permite admissão no clube!).

 

Eu mesmo, que vivo da língua onde nasci, já parti tantas vezes esse vidro que diz “partir em caso de emergência” para defender e fundamentar a exclusividade da saudade. Como extintores à mão tenho os grandes Camões, Bocage, Teixeira de Pascoaes, um exército de clones Pessoano, o guia no labirinto de Eduardo Lourenço, e um Google a transbordar em citações. (Até já o cronista recorreu ao fado - esse património intangível tão útil, se se tem falta de imaginação, para vender a um turista em Lisboa o que é nascer e ser-se neste pequeno rectângulo ibérico –.).

 

Se não chegam as tropas disponíveis na frente on-line, recorro ao arsenal secreto de sebentas dos meus mestres, como o finado Cunha Leão ou o meu caríssimo Cândido Franco para que nos diálogos parafraseados aos meus alunos, em que ponho a gravidade da minha cara de intelectual nº27, lhes explique o perigo de confusão com a morriña galega, a añoranza hispana, a yearning anglófona, creio que a Sehnsucht germana, enfim, por favor não se atrevam com trasladações do sentimento do ilustre peito lusitano para peitos alheios, logo não autorizados a decifrar o enigma de tão peculiar caixa toráxica.

 

(Aqui o cronista não é capaz de pôr a cara nº27. Fica-lhe mal. E para ser sincero com estas linhas, nem ele, que tem na carteira um cartão de cidadão português, está totalmente convencido dum sentir agregador de espaço/tempo passado, presente e futuro. Tal como a feijoada exclusiva da Ponte Vasco da Gama, os efeitos da nossa saudade são iguais num português ou num espanhol. Isso sim seria mais honesto da sua parte elucidar quando lho perguntam. Fica a sinceridade da sua saudade no tinteiro, a única exclusividade a que se pode permitir…).

 

In “Mais Alentejo” nº129